
SIM, O POVO TAMBÉM PODE SER UM NOJO
Ferreira Fernandes
Mondragón tem 22 mil habitantes, um pólo industrial e uma universidade. Tem um conselho municipal com sete partidos. Todos os dias, chega à vila uma dezena de jornais, em espanhol e basco. Quem quer entra, quem quer sai da vila. Quem quer põe uma bandeira basca à janela. A presidente da câmara pertence à Acção Nacionalista Basca (ANV). O Tribunal Constitucional (de Madrid!) proibiu outras 133 candidaturas da ANV porque estavam ligadas ao Batasuna, e este à ETA e a ETA mata gente com um tiro na nuca (actividade que é ilegal, lembro). Mas o Tribunal Constitucional (de Madrid!) permitiu que a alcaidessa Inocencia Galparsoro concorresse. Ontem, em Mondragón, um ex-vereador foi morto pela ETA porque não era independentista. Inocencia recusou-se a condenar o assassínio. O nome dela é falso. Aliás, o de Mondragón, também: em basco a vila chama-se Arrasate. É mais apropriado. E boa parte de Arrasate, a que vota na ANV, é um nojo. Sim, o povo também pode ser um nojo.
