Não te enganes, a Catalunha não é Espanha
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Josep-Lluís Carod Rovira, vice-presidente do Governo Autónomo da Catalunha, diz que quer um referendo para a independência da Catalunha em 2014, e eu não vejo nenhuma razão para que isso não seja possível ou exequível. Ele tem alguma razão na análise estratégica que faz no que respeita ao posicionamento português em relação a esta questão. Uma península Ibérica das Nações, nesta Europa, só pode beneficiar a importância estratégica de Portugal, em contraponto com o mata-borrão Espanhol, na influência política e económica.
As novas repúblicas saídas de Espanha serão isso mesmo, repúblicas e não reinos (e isto, quanto mim, também é uma questão muito importante, muito longe de ser insignificante), vão procurar equilíbrios geoestratégicos que as afastem de Madrid. Nós temos aí o nosso espaço preferêncial.
Não há razão para a Catalunha não fazer valer a suas teses de um referendo independentista (depois ganhador). Não tem terrorismo e é a segunda região mais poderosa de Espanha com uma autonomia já muito alargada. Eles podem fazer um referendo, mesmo contra a constituição espanhola. Quem vai intervir? O Exército? - Ninguém acredita. E o apoio do catalães é esmagador.
A importância desta questão, agora, é que a Catalunha tem mesmo poder para fazer um referendo independentista! E eles lançaram isto para a agenda de forma propositada e calculista. Acho inevitável que avancem mesmo, se não for em 2014, será em 2015 ou 2016. Não me restam muitas dúvidas.
E depois, quem pára a Galiza (que sózinha dificilmente consegue valer as suas teses). Ainda há dias houve uma manifestação de 25 000 pessoas em Vigo a favor de declarar que o galego era uma variação do português. Os galegos também querem sair do domínio de Madrid e aproximar-se de Portugal. Sentem que historicamente fazem parte natural de Portugal. Querem ser uma região da Europa, independente, com grande aproximação ao nosso país.
Depois disto resta o País Basco, para já e se não surgir mais nenhum caso fortemente indepentista entretanto, o que pode muito provávelmente acontecer. Quem segura os Bascos, depois do exemplo da Catalunha? Resposta: ninguém. É um movimento imparável que vai levar, em dez ou vinte anos à desagregação de Espanha, conforme a conhecemos neste momento, com aumento da influência política e económica de Portugal (Brasil e África no Roteiro).
É a Ibéria da Nações.
No meio disto tudo o Saramago acha que se deve meter nos problemas da Catalunha porque lhe fazem perguntas. Só falsamente é que é um comentário sobre Portugal, logo teria feito melhor não se meter, digo eu. Na realidade o Saramago continua a navegar na Jangada de Pedra; faz-me lembrar os Flintstones!
Ver Jornal Público, 18 de Maio de 2008
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