"Casa Pia. Ex-alunos dizem que “foram pagos” para envolver Ferro e Gama
Por Márcia Oliveira com Lusa, publicado em 17 Nov 2012 - 03:10
Ilídio Marques disse em tribunal que “ouviu dizer” que Catalina Pestana deu dinheiro a vítimas.
A testemunha Ilídio Marques, que se constituiu como assistente na repetição do julgamento dos alegados crimes sexuais cometidos em Elvas, disse ontem em tribunal que “dois alunos” da Casa Pia foram pagos por Catalina Pestana, que foi provedora da instituição, para envolver os nomes dos dois socialistas. “Ouvi dizer que a doutora Catalina Pestana deu dinheiro a duas vítimas para referirem o nome de Ferro Rodrigues e Jaime Gama”, afirmou Ilídio Marques.
A testemunha garantiu ainda que não foi abusada sexualmente, nem na casa de Elvas, nem em qualquer outro local, referindo que dois inspectores da Polícia Judiciária (PJ) o introduziram, e a outras vítimas, no processo simplesmente para indicar outros nomes na investigação: “Se menti e falei destas pessoas inocentes era, porque tinha na altura duas pessoas adultas, da instituição Polícia Judiciária, a indicar nomes que estavam na investigação”, afirmou.
Questionado pelo procurador João Aibéo sobre identidade das duas autoridades, Ilídio Marques revelou que eram “os agentes Alcindo e Dias André” e realçou ainda que até a discrição dos “objectos da casa de Elvas” foi dita pelos dois agentes e não “pelas vítimas”. “Estou a dizer verdade. Andei-me a esconder atrás de alguém com a mentira. Por isso, agora vou dizer a verdade. Não admito que duvidem de mim”, realçou ainda a testemunha.
Devido às declarações de Ilídio Marques, o procurador anunciou ao colectivo de juízes que vai pedir uma certidão para abertura do inquérito por perjúrio da testemunha. Recorde-se que, já na audiência de 9 de Novembro, Ilídio Marques afirmou que queria depor em tribunal para se “redimir, repor a verdade e pedir desculpa às pessoas que prejudicou”. Na mesma sessão, o arguido Carlos Silvino também desmentiu as declarações que tinha feito anteriormente em tribunal e garantiu que nunca transportou crianças nem outras pessoas para a casa de Elvas. Carlos Silvino afirmou que só estava agora “a dizer a verdade” pois, antes, estava a ser “instruído” por inspectores da PJ."