Reflexões do companheiro Fidel
MUDANÇAS SAUDÁVEIS NO CONSELHO DE MINISTROS
Por ocasião das mudanças no seio do Executivo, algumas agências de notícias se rasgam as vestes.
Várias delas falam ou se tornam eco de boatos "populares" sobre a substituição dos "homens de Fidel" pelos "homens de Raúl".
Nunca foi proposta por mim a maioria dos que foram substituídos. Quase sem excepção chegaram as suas responsabilidades propostos por outros companheiros da direcção do Partido ou do Estado. Nunca me dediquei a esse ofício.
Jamais subestimei a inteligência humana, nem a vaidade dos homens.
Os novos ministros que acabam de ser nomeados foram consultados comigo, apesar de que nenhuma norma obrigava os que os propuseram a terem essa conduta visto que há tempo renunciei às prerrogativas do poder. Agiram simplesmente como revolucionários autênticos que levam em si mesmos a lealdade aos princípios.
Não se cometeu injustiça com determinados quadros.
Nenhum dos dois mencionados pelos telexes como sendo os mais afectados, pronunciou uma palavra para expressar inconformidade alguma. Não era em absoluto ausência de valor pessoal. A razão era outra. O mel do poder pelo qual não conheceram sacrifício algum despertou neles ambições que os conduziram a um papel indigno. O inimigo externo se encheu de ilusões com eles.
(...)
Fidel de castro Ruz
3 de março de 2009
Na sequência do post anterior, aqui publico nova reflexão de Fidel Castro, de 22 de janeiro, distribuída pelo corpo diplomático .
O sublinhado é meu. Sublinho onde ele diz que escreverá menos este ano para que as suas opiniões não inlfuenciem ou atrapalhem as tomadas decisão da nova direcção do PC Cubano. Avança desculpando estas decisões (eventuais) contraditórias ao seu pensamento com a gravidade da crise económica e a necessidade de decisões específicas a esta altura. Insiste que, em todo o caso, ninguém se deve sentir constrangido com as suas reflexões.
Finaliza chamando à atenção para todo o seu pensamento (os seus escritos) dos últimos 50 anos e supõe que não estará vivo daqui a quatro anos, aquando do final deste mandato do Obama.
O DÉCIMO-PRIMEIRO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOSReflexões do companheiro FidelNa passada terça-feira 20 de Janeiro de 2009 assumiu a chefia do império Barack Obama como o Presidente número onze dos Estados Unidos, desde o triunfo da Revolução Cubana em Janeiro de 1959.Ninguém poderia duvidar da sinceridade de suas palavras quando afirma que irá converter seu país num modelo de liberdade, respeito pelos direitos humanos no mundo e pela independência dos outros povos. Sem que isto, é claro, ofenda quase ninguém, excepto alguns os misantropos num qualquer canto do mundo. Já afirmou comodamente que o cárcere e as torturas na base ilegal de Guantánamo cessariam de imediato, o que começa a semear dúvidas aos que rendem culto ao terror como instrumento indispensável da política exterior do seu país.O rosto inteligente e nobre do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, desde sua fundação há dois séculos e um terço como república independente, tinha-se auto-transformado sob a inspiração de Abraham Lincoln e Martin Luther King, até se tornar em símbolo vivente do sonho americano.Não obstante, apesar de todas as provas suportadas, Obama não tem passado pela principal de todas. O quê fará quando o imenso poder que tomou em suas mãos seja absolutamente inútil para ultrapassar as insolúveis contradições antagónicas do sistema?Reduzi as Reflexões tal como me propusera para o presente ano, no intuito de não interferir nem estorvar os companheiros do Partido e do Estado nas decisões constantes que devem tomar frente a dificuldades objetivas derivadas da crise econômica mundial. Eu estou bem, mas insisto, nenhum deles deve se sentir comprometido por minhas eventuais Reflexões, a gravidade da minha doença ou pela minha morte.Revejo os discursos e materiais elaborados por mim ao longo de mais de meio século.Tive o raro privilégio de observar os acontecimentos durante muito tempo. Recebo informação e medito sossegadamente sobre os acontecimentos. Não espero desfrutar de tal privilégio dentro de quatro anos, quando o primeiro período presidencial de Obama tenha concluído.Fidel Castro Ruz22 de janeiro de 200918h30