No pricípio do ano houve um amigo meu que foi para Timor, como cooperante. Ontem de manhã (noite em Timor), dia 13 de Fevereiro, recebi o seguinte SMS, enviado por ele:
"A noite passada acordei à uma,às duas e trinta e às seis horas com tiroteio. Da primeira vez pensei que alguém estava a dar com um cutelo na tábua da cozinha. Só mais atrde me lembrei que não tenho tábua.
Agora, noite de novo, soube que o tiroteio foi na rua das traseiras da minha casa. Pelo menos posso continuar a sair pala rua da frente."
Aqui transcrevo a minha resposta, também por SMS:
( a minha resposta a azul e a bordeux as notas só para o BLOG )
Nada que não me seja familiar. Talvez tenhas a sorte de que isso não dure 15 dias nem fiquem as ruas pejadas de cadáveres esse tempo todo.
(alusão aos acontecimentos em Angola, em 1975, aquando da guerra civil em Luanda e às batalhas entre o MPLA e a UNITA, em plena cidade, no meio das casas e da população civil. Estes combates duraram mais de quinze dias de forma contínua e muito intensa enchendo, literalmente, as ruas de cadáveres que não eram levados. Depois dos combates acabarem, com a vitória do MPLA, demorou vários dias - mais de uma semana - a serem recolhidos todos os cadáveres das ruas de Luanda, pelo que houve corpos em decomposição, ao ar livre, por mais de quinze ou vinte dias).
Eu, como era miúdo, levei sempre isso um pouco na desportiva e ainda hoje o recordo (com alguma nostalgia, devo dizer) quando vejo imagens de zonas de guerra, ou combates em zonas urbanas (como no Líbano ainda recentemente).
Leva isso assim, como uma experiência única que muito poucos Europeus conseguem ter. Vais descobrir, acho eu, que as notícias passam a fazer outro sentido.
Nesta prespectiva, acho-te um previlegiado. Há poucos sítios realmente interessantes no Mundo e Timor, nessa noite, foi um deles.